Uma mesma vida severina para todos

Ao longo de toda nossa vida, o que mais vemos, é tragédia, mortes, violência, destruições e desastres, e é por tanta coisa ruim que acabamos perdendo a graça de viver. Em vários livros, conseguimos ver o quão severina é tanto a vida quanto a morte. Sim a tristeza que carregamos da morte não é algo fácil de aguentar, mas sempre há uma luz no fim do túnel, que nos mostra o melhor. Nunca estará tudo perdido. Em Morte e vida Severina de João Cabral Neto, mesmo depois de tantas mortes que Severino presenciou, também presenciou uma vida, e esta vida lhe mostrou que não estava tudo perdido. Temos como exemplo também, estes acontecimentos, de desabamento, e terremotos, chuvas, em um trecho do livro O Cortiço “O pátio e a rua enchiam-se agora de camas velhas e colchões espocados. Ninguém se conhecia naquela zumba de gritos sem nexo, e choro de crianças esmagadas, e pragas arrancadas pela dor e pelo desespero. Da casa do Barão saíam clamores apopléticos; ouviam-se os guinchos de Zulmira que se espolinhava com um ataque. E começou a aparecer água. Quem a trouxe? Ninguém sabia dizê-lo; mas viam-se baldes e baldes que se despejavam sobre as chamas...” (AZEVEDO, Aluísio “O cortiço” cap. 17) podemos ver que há perdas, como na vida real, e não há coisa mais triste que isso, Mas também não há felicidade maior, de saber que tem gente que ainda se importa com os outros, e que ajudam as pessoas, quando podem, e até mesmo quando não podem. Vendo e comparando o mundo de hoje e de antes, estamos até em sorte, pois estamos mais solidários.
Isso também acontece no livro Vidas Secas, Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Os seus pés duros quebravam espinhos e não sentiam a quentura da terra. Montado confundia-se com o cavalo, grudava-se a ele. E falava uma linguagem cantada, monossilábica e gutural, que o companheiro entendia. A pé, não se agüentava bem. Pendia para um lado, para o outro lado, cambaio, torto e feio. Às vezes, utilizava nas relações com as pessoas a mesma língua com que se dirigia aos brutos – exclamações, onomatopéias. Na verdade falava pouco. Admira as palavras compridas e difíceis da gente da cidade, tentavam reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas. “Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés. [...] distraiu-se olhando os xiquexiques e os mandacarus que avultavam na campina. Um mormaço levanta-se da terra queimada.
Estremeceu, lembrando-se da seca, o rosto moreno desbotou, os olhos pretos arregalaram-se...” (RAMOS, Graciliano ‘Vidas secas’), como podemos ver neste trecho. Mas neste caso não é só um homem e sim uma família inteira que vai a busca de uma cidade onde a seca ainda não tenha chegado. Enquanto eles procuravam por um lugar seguro para viver, passaram por sérias dificuldades até chegar ao destino desejado. Passaram fome e até para chegar mais rápido quase deixa seu filho mais novo para trás.
“O Sertanejo é antes de tudo, um forte” (CUNHA, Euclides “Os Sertões”) nesta frase Euclides quer dizer que o sertanejo tem capacidade de sair do lugar onde mora para procurar uma cidade onde ele não passe fome e onde ele arranje um emprego que possa se sustentar, e sustentar sua família. Ele tem que ser forte o suficiente para superar o que “vier pela frente”.
 A vida é severina para todos, pra uns mais pra outros menos, a morte é para todos, mas a resignação, só alguns conseguem ter.


THAIS, MARIANA E LUCIANA

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