O sertanejo, a literatura e a migração (2)


A rotina no sertão é esperar a chuva, aguardada em janeiro. Porém nesse longo intervalo de tempo, o dia-a-dia dos sertanejos se resume em problemas obtidos devido ao sofrimento imposto pela região de dura vivencia as quais moram. Pois o mesmo tem sua morte iminente, e a falta de outros recursos como a água e a comida, exigem todo o esforço de uma vida em busca da sobrevivência, que nem sempre é realmente apta.

Essa triste realidade vivida pelos sertanejos há muito tempo, somada ao descaso do governo em relação a esses problemas que só agravam-se, é um tema definitivamente não abordado com a seriedade que deveria, não tendo ao menos a preocupação de compreensão das condições precárias que esse povo encontra-se, os quais não possuem ao menos o direito do necessário para a sobrevivência de qualquer ser humano.
Escritores e produtores de documentários e vídeos produzidos referentes a esse retratos Inumanos no sertão fazem através da arte esta tristeza tornar-se obras reconhecidas e conceituadas, como Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto. A obra tem como enredo a ‘morte’ de um Severino, lavrador, habitante do sertão Pernambucano, fugindo da seca em busca de trabalho na capital, que o proporcione decorrentemente a ‘vida’. Como cita NETO, João Cabral de Melo: “E somos todos Severinos/Iguais em tudo na vida/Morremos de morte igual/Mesma morte Severina: Que é a morte de que se morre/De velhice antes dos trinta/De emboscada antes dos vinte/De fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte Severina/Ataca em qualquer idade/E até gente não nascida).”; a morte esta impregnada durante a trilha do sertanejo, entre o sertão e a cidade, encontrando apenas fome, miséria e montes de Severinos como ele.
Há também livros que conseguem captar bem os fragmentos nordestinos como Vidas Secas de Graciliano Ramos. Que é um fiel retrato da realidade de famílias brasileiras que sofrem com injustiça social, miséria, fome, desigualdade, seca, o que nos remete a idéia de que o homem se animalizou sob condições extremamente difíceis de sobrevivência, como mostra a passagem da obra em que a Fabiano resolve matar o papagaio da família para não morrerem de fome; RAMOS, Graciliano: "Resolvera de supetão aproveitá-lo (papagaio) como alimento..."
Mas ainda sim, forte como de nascimento, vem para ser aquilo que exprime o que o povo brasileiro realmente é: Um adaptado. Quando falta algo, encontra-se uma saída temporária, mas nunca definitiva; A saída daquele sertão judiado, esquecido, que vê na cidade, uma solução para a sua vida.
Poucos são aqueles capazes de sair e encontrar uma oportunidade. Mas menos ainda, são aqueles que sobrevivem em uma região até então desconhecida, a qual de longe parecia tão abastada de empregos e repleta de oportunidades. Uma solução de fato. Encontra-se a saída daquele sertão judiado, esquecido e vê na “cidade grande” uma solução para a sua vida. Poucos são aqueles capazes de sair e encontrar uma oportunidade. Mas menos ainda, são aqueles que sobrevivem na cidade que de longe parecia tão abastada de empregos e repleta de oportunidades
 Chegando a esse clamado “sonho”, os Severinos passam a viver sobre o incerto. Como pesadelos. Continuando sem água, comida e trabalho. Alojando-se nos submundos desse paraíso. Tornando-se “Capitães de Areia”, meninos de rua, desabrigados, traficantes, assaltantes, indigentes. Uma realidade não tão distante da vivida, porém muito diferente da esperada, devido a desigualdade imposta por uma sociedade preconceituosa que não possua porte para sustentar tantos problemas considerados flagelados.
Mas ainda sim, com a esperança sempre Severina de ver tudo mudar e ainda mais, de voltar para a sua terra onde deixou seu coração.
“A humilhação de um homem não é estar exilado fora de seu país, e sim dentro de seu próprio país pelo seu governo... Onde ao invés do direito do cidadão você é apenas um habitante [...] Os poderoso souberam cortar flores, contudo não serão capazes de impedir a primavera” (“Sofrimento e Esperança no Exílio” SCHWANTES, Milton. Pag.10).




 
Bruna, Letícia e Camila

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